quinta-feira, 24 de março de 2011

Traição pega pelas pernas

Hoje no ônibus uma mulher reclamava que não existe homem fiel. Mas, minha cara, fidelidade é algo muito mais complexo do que cumprir promessas, fiquei a pensar. A gente idealiza, e não vive. Digo com palavras de quem já esteve em ambas posições: de corneada e corneadora, se é assim que dizem. Penso eu que o que vale mesmo é lealdade. Mas como sobre isso já falei, me resta pedir desculpas: pela ausência e pelo retorno com texto antigo. O texto que vem a seguir estava empoeirado em outro blog. Acho que vem ao caso.

Traição pega pelas pernas, joga no chão, puxa o cabelo, faz o que quer, com quem desejar. Traição desatina, desconversa, dá salto, passo, pressa. Traição enlouquece.
Abre a janela, acende dois cigarros, três, insônia. Coloca uma música um pouco mais alta pra não ouvir suas besteiras, olha de canto para evitar o espelho, lê poesia, conto, carta, placa.
Traição mostra o sol, o céu, a noite, sonha na madrugada. Acorda aflita, precisa, insone, liga tv, passos nas ruas, um cigarro, mais um. Traição, pecado não.
Paixão traição. Lágrimas, amor.


***

E traição é pecado? Depende. Depende do que você considera traição, depende de como tudo aconteceu. Mas depende, principalmente, do contrato que vocês estabeleceram, verbalmente ou em silêncio. Todo relacionamento tem um contrato. Alguns já combinam de cara: somos um do outro e ninguém mais tasca. Outros deixam as coisas no ar: uma demonstração de ciúmes aqui, uma ceninha ali; e daí, quando percebem, estão ali aquelas restrições que parecem existir desde o início.

Se houve contrato muito bem compreendido e assinado por ambas as partes, traição é pecado sim. É pecado por não respeitar aquilo que foi combinado, e é pecado mesmo por fazer o outro sofrer. Mas para todo pecado há perdão, e se somos feitos de carne e osso, temos que aceitar que os outros também são.

Existe uma porção de ditados que combinam com traição. Alguns servem até para justificar a danada. Não é fato que a ocasião faz o ladrão? Pois quem é que resistiria se, numa noite de chuva, ficasse preso no elevador com aquela vizinha gostosona que vive dando mole? Ou com aquele bonitão, todo gentil, do andar de baixo.

Eu digo que traição de ocasião (podemos chamar assim?) não é pecado. E se for, merece perdão, porque se condenarmos estes casos, condenaremos também a luxúria. E sobre ela, já há um consenso aqui: é de todos o pecado mais comum, aquele que todo mundo tem, assumido ou não.

Podemos considerar também que, para ser traição, é porque foi maldoso e fez mal a alguém. Fosse diferente, não levaria esse nome. Seria um caso perdoado, um deslize, qualquer coisa. Mas aconteceu de virar consenso: caso, deslize, até olhadinha torta ou conversa mal intencionada leva nome de traição. Então, é muito importante não complicar: olhar para o lado todo mundo olha, e nisso não há pecado algum. Falamos aqui de traição com gosto, coisa de gente grande: pegar na mão, olhar nos olhos, beijar na boca e querer mais.

E é ai que mora o problema: no querer mais. Aconteceu uma vez, não deu pra segurar e arrependeu: deslize. Quer fazer de novo, mas não quer que ninguém saiba: mentira, enganação. TRAIÇÃO. Você tem certeza de que o outro, aquele com quem você tem o contrato, não vai aceitar de jeito nenhum. Ainda assim, você quer. Desejos existem, eu sei. Mas machucar uma pessoa, isso sim é um pecado. É aí que fica o lado feio da traição. A saída, nesse caso, não é simples. Exige coragem, mas resulta em respeito.

Pra não haver mal entendidos e fins trágicos, certo mesmo é deixar tudo claro, desde o início. E entender que somos todos humanos: carne, osso, sangue e tesão. Muito tesão.


*A parte poética lá de cima é obra da Keissy ;)

terça-feira, 8 de março de 2011

Post para mulheres

Nada mais conveniente do que fazer um post dedicado ao dias das mulheres, né? Justo nós que queremos tanto inventar e reinventar o nosso gênero. Eu sou incapaz de dizer o que penso do dias das mulheres.Acho justo, acho mal interpretado, acho mal vivido, acho que perdeu importância, acho que a mídia estragou. Mas eu acho isso de tanta coisa que dou menos importância do que ser mulher. Sabem, passei o Dia Internacional da Mulher trabalhando e sentindo cólicas. Irônico, né? Eu não teria como ser mais coerente. E por me sentir tão mulher e tão apaixonada pela força feminina que sou incapaz de escrever um post realmente bom sobre esse dia. Daí que pra não deixar ninguém na mão nessa linda terça feira de carnaval, colo um post que publiquei nos idos do Reveillon desse ano no meu blog pessoal. É tudo o que eu tenho pra dizer sobre mim, sobre elas e sobre nós, mulheres.

Mulher no fim do ano, mulher no fim do mês.

Mulher é de Lua, mulher ninguém entende. Eu tô cansada de ter que me assumir como mau humorada para que entendam que eu não tenho a menor paciência para a grande maioria das coisas. Mas tem dia que é pior, e não é só (mas pode ser) tpm. Tem dia, tenho a impressão, que eu acordo com os olhos mais abertos e noto que meu amigo genial fez merda, que minha mãe, tão doce, está azeda, que a cerveja não desce, e que meu namorado não tem um gosto tão diferente assim do da maioria dos homens. E que por mais que eu seja inteligente, às vezes eu preferia ser gostosa. Tem dia que, pelo contrário, eu acho tudo uma maravilha e irrito as pessoas com meu bom humor inabalável. Disseram que eu sou multipolar, mas eu acho que eu só sou mulher. Dessas mulheres que fazem uma semana de regime e estragam tudo com três dias de bebedeiras seguidas com os amigos. Dessas mulheres independentes de uma nova geração, tão livre, tão descolada que se sobrecarrega de tanta coisa e esquece de cuidar de si e maldiz, uma vez ou outra, a própria independência e liberdade. É fim de ano e toda mulher faz pelo menos uma resolução de ano novo. Eu fiz a minha: vou cuidar de mim e não dos meus três empregos, ou do mestrado, ou da amiga que tem um primo cujo vizinho perdeu a perna. Mulher acha que consegue cuidar de tudo. Eu sei, moro com cinco mulheres e, não bastassem os muitos problemas que cada uma tem, ficamos todas uma querendo salvar a outra e não percebendo que, se cada uma se cuidasse seríamos mais tranquilas. Mas menos parecidas com nós mesmas, não é? Porque, no fundo, por mais que a gente faça resolução de cuidar de si mesma, e passar creme no olho e malhar e se amar mais, a gente só se reconhece no abraço da amiga, nas calorias que a gente consome pra tomar uma cerveja com o amigo do primo do vizinho que terminou com a namorada, ou pra fazer uma jantarzinho gostoso pro namorado, mesmo sabendo que ele não engorda e você engordará pelos dois. Depois, pode ser, que seu amigo não te faça companhia se o primo do seu vizinho tiver terminado o namoro. Depois, pode ser, que seu namorado não se canse de achar meninas magérrimas bonitas, mesmo dizendo que você tá bem assim. Depois, pode ser, que você precise de um quarto ou quinto emprego. Mas tudo bem, porque você é mulher, multipolar e suporta tudo, com uma amiga, uma cerveja e todas as calorias que essa combinação acarreta. Vai abraçar o mundo, mulher. E no fim do próximo ano, vê se resolve cuidar mais de você...

domingo, 6 de março de 2011

Realmente Nerd, realmente colírio.

Existem coisas que parecem mentira e se fossem, de fato, mentiras, incomodariam muito menos. Que Natalie Portman é linda qualquer pessoa com pelo menos 50% da visão consegue ver, que ela é talentosa, qualquer pessoa com 1 neurônio percebe. Que ela mereceu MUITO o Oscar e que Black Swan é genial, até meu afilhado de 4 anos deve saber. Agora que a musa-linda-maravilhosa da Portman é, também, uma tremenda cientista: por isso, ninguém esperava.

É, amiga, se você tá se sentindo um lixo porque justificava suas celulites no excesso de inteligência ou falava que seu cabelo seco e horroroso e pelo amor a ciência: PA, UM TAPA NA SUA CARA HORRÍVEL. Natalie estudou neurociência e foi uma das alunas mais brilhantes da turma. Onde? Unip? Unifran? Unifacef? Uniban^? NÃO! Harvard.
Respirou? Ta se sentindo a pior pessoa do mundo e está se consolando imaginando que ela usa photoshop e tem cabelo-make-vestuário all the time e que assim até você fica linda? Aham. Natalie fica bem de cabeça raspada...

É, Natalie tem qualquer coisa de mágica que faça com que ela consiga ter ganhado o prêmio Intel de ciência enquanto gravava Star Wars. Que faz com ela tenha pulso firme e largue uma campanha caríssima pela Dior em respeito às próprias origens judaicas. Que faça ela atuar daquele jeito fenomenal em Cisne Negro. Natalie é surreal, é incrível. E se você, mal amada, vier me dizer "PELO MENOS MEU PÉ É BONITO" eu vou enviar penas pretas pela sua goela abaixo...

Fiquem com essa lindura que ficou deslumbrante toda gravidinha:

Não morram de tesão ou de inveja: estudem. Já que não da pra ser linda igual a ela, vamos pelo menos sair mais inteligentes desse carnaval.


agradecimentos: @adrianosgodoy