sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Até tu, Chico

Posso apostar meus culhões que qualquer uma de vocês dá ao menos um suspiro e três vivas ao ouvir aquele garotão meia idade popularmente conhecido como Chico Buarque.
Agora saibam vocês que o mesmo garotão meia idade, nas palavras de Caetano Veloso, disse naqueles tempos áureos: "Maria Bethânia a gente obedece, não discute". O discurso completo é do Filme Outros Doces Bárbaros (2002), mas o negócio é que se até Chico Buarque é intimidado por Maria Bethânia nós, mulheres contemporâneas, devemos ao menos ouvir o que ela tem a dizer.




Sacaram?

Maria Bethânia é uma baiana nascida em 1946 e teve seu nome escolhido por seu irmão, Caetano Veloso, inspirado pela valsa interpretada por Nelson Gonçalves, Capiba.
A arte já nascia antes mesmo da menina que se tornaria a maior intérprete brasileira a partir da década de 60 quando mudou-se para Salvador e, ao lado de Caetano, iniciou suas participações em teatros e musicais.
Alguns críticos da velha época afirmavam que Bethânia não era capaz de compor suas próprias canções tendo em suas interpretações sempre distintas autorias musicais. Ora, minha gente, tendo amigos como Caetano, Gilberto Gil e Chico Buarque quem é que se atreve a compor?


Sou sim, mas sou Bethânia

Se em 2011 a vida das desamélias não é tão fácil assim, imaginem na década de 70. A conversa que rola nos bastidores da história da música é a seguinte:
No palco, Bethânia interpretava uma de suas canções diante de um público excitado. Deveria estar vestindo algo como calças largas brancas ou coloridas, blusa realçando a silhueta magra e definitivamente sem sutiãs. O fato que se tornou bordão entre uns e outros ocorreu quando um rapaz do público gritou ao final de uma canção: SAPATÃO!
Eu não sei vocês, mas Maria Bethânia voltou-se ao microfone disparando: Sou sim, mas sou Bethânia, e você, quem é?
Ousadia pouca é bobagem!


Chico Buarque pode até se intimidar com a baiana, mas voltem lá aos 3:35 e vejam Bethânia se rendendo ao garotão dos olhos azuis caindo no samba.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Delícia de liquidificador



Quando o assunto é cozinha visto o salto de amélia e requebro com a colher de pau. Mentira, mas a minha mãe, que não é desamélia por uma questão de época, tem algumas cartas gastronômicas na manga e eu vou testando daqui, recheando dali...
A receita da noite de ontem foi a Torta de Madame. A criatividade infame do nome é de total criação minha, absolvam as ofensas à minha mãe.

Antes de colocar o avental dá o play nesse funk com letra e adaptação de duas mulheres de cama, mesa, cozinha e harmonia: Leci Brandão e Mariana Aydar, respectivamen
te.
Mas os meninos também podem colocar o avental, viu? Essa receita é coisa rápida e fácil, dá pra convidar alguma desamélia para tomar aquele vinho e zás...


Torta de Madame

Ingredientes (massa)

2 ovos
1 xíc. (chá) de óleo
1 xíc. (chá) de leite
1 pitada de sal
10 colheres (sopa) de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó

Ingredientes (recheio)

1 vidro de palmito
1/2 cebola picada
2 tomates picados
Azeitona picada (a gosto)
200 gramas de queijo
3 colheres (rasas) de requeijão
5 colheres (sopa) de massa de tomate
Salsinha picada (a gosto)
Sal (a gosto)
1 pitada de orégano

Como em toda boa receita, o recheio neste caso também pode entrar numas de criatividade. Dos simples atum e sardinha (final de mês a gente sabe como é) aos mais sofisticados camarão e carne seca com tomate seco. O lance é acertar a mão na massa e no tempero do recheio com as combinações certas.

Mão no recheio

O preparo do recheio segue as regras básicas do bom refogado. Fritar a cebola (até dourar) colocando em seguida o palmito, o tomate, sal e os temperos. Há quem não goste de usar ervas desidratadas como tempero, mas eu sempre aposto num orégano ou manjericão. Uma pitada de coloral também é um truque.
Deixe o refogado tampado em fogo médio por aproximadamente 5 minutos.
Coloque a azeitona e a salsinha picada seguidos da massa de tomate.
Deixar em fogo baixo até o molho fervilhar (aproximadamente 5 minutos).
Acrescente o requeijão com o refogado pronto e misture.

O queijo será usado apenas na montagem da torta.

Uma dica esperta é colocar uma pitada de açúcar após o tomate. Não altera o sabor do recheio e tira a acidez do tomate.


Mão na massa

A massa originalmente materna é batida na batedeira, mas como estamos na pós-modernidade e batedeira ficou no armário das amélias nós podemos usar o liquidificador mesmo. Embora a batedeira faça o milagre dos deuses na massa, o liquidificador cai muito bem.

Bata os ovos junto ao óleo até que formem uma mistura homogênea. Em seguida misturar o leite, o sal e a farinha. Bater de 5 a 10 minutos.
Acrescentar o fermento com o liquidificador desligado e misturar apenas com a colher.

Mão na forma

Cobrir com uma camada fina da massa o fundo de uma assadeira média. Depois coloque todo o recheio espalhando com cautela para que não misture com a massa. Cubra o refogado com fatias de queijo.
Para cobrir com a massa restante utilize uma colher e vá espalhando para que o recheio fique todo coberto.

Aqueça o forno previamente e deixe assar em fogo médio entre 25 e 40 minutos (até dourar a massa).

Rápido e fácil, não? Nos enviem os comentários no desamelias.gmail.com contando se aprovaram a receita que trago outras delicinhas aqui pra vocês.







segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

É bom pra quem gosta II

As meninas já pediram mão na cintura, gemidos, personalidade e demonstração de desejo. Elas já discutiram os detalhes de um bom sexo com um homem, mas e eles? O que leva os homens à loucura? Mulheres boas de cama também ouvem algumas dicas.

Mulheres metidas na modernidade já queimaram seus sutiãs em praça pública, vestiram calças, repudiaram seus prometidos maridos e fizeram muito sexo exigindo liberdade. E cá estamos nós, perdidas no prazer da própria liberdade.
Dona de um corpo traçado em curvas, a mulher ainda não possui total domínio de sua liberdade sexual. A modernidade está envelhecendo e mulheres ainda não sabem o que fazer com o próprio corpo. E problemas sexuais também são resolvidos com uma boa discussão.

"Tem que ter personalidade"

Quando o assunto é sexo, neste caso hetero, ainda hoje o que mais se ouve é uma perspectiva que tem o homem como o centro da relação. É ele que deve ter a pegada e o controle de toda a situação, cabendo a mulher o papel de um mero receptáculo pronto para receber ordens e ao mesmo tempo dispor de truques inéditos capazes de saciar aquele homem. E ai das mulheres que não toparem: são taxadas de inibidas a bonecas infláveis.
Por outro lado essa perspectiva machista tem perdido espaço para uma nova que eu chamaria de femista. Com o grande feito de superar as diferenças de gênero algumas mulheres simplesmente trocaram o lugar na relação e passaram a exercer o mesmo tipo de poder. O que mais se vê em revistas de sala de espera é a tentativa de vender uma imagem de que uma mulher independente deve necessariamente controlar toda a situação no sexo. Nesse caso a mulher passa a ser o centro da relação, uma mulher que deve querer e exigir toda e qualquer coisa na cama sem qualquer tipo de limite e usando o homem como um mero acoplado pra satisfazer todos seus desejos e fantasias.

Ora, a meu ver uma mulher boa de cama é justamente o meio termo dessas duas perspectivas. Uma mulher boa de cama é aquela que tem PERSONALIDADE; que não segue dicas de revistas, mas que sabe o que quer e o que não quer. Não querer alguma coisa não faz da mulher mais ou menos inibida assim como querer outra coisa não a faz mais ou menos safada. Uma mulher que tem receio de dizer não e faz algo que não gosta, não fará bem feito. Assim também a que não faz algo que gostaria por vergonha de dizer não ficará satisfeita.

Sexo é questão de sincronia e comunicação: quando ambos deixam claro o que gostam e o que não gostam a satisfação é sempre maior.




"A mulher precisa ser ativa na cama"

No outro post, com a visão feminina sobre atitudes dos homens na cama, predominou o pensamento de que este deve assumir o papel de conduzir as ações durante o sexo. Concordo em partes. Acho que grande parte das mulheres ainda não assimilou muito bem a liberdade sexual que está sendo conquistada e ainda são inibidas demais na cama. Existem homens que gostam (e nenhuma coisa que seja escrita sobre o tema será unanimidade), mas o sexo tende a se tornar desinteressante quando a parceira se mostra desinteressada. E aí, pode nem haver desinteresse, mas é a impressão que vai transparecer.
A mulher precisa ser ativa na cama. Ponto. É natural que a mulher queira transar com um cara mais seguro que ela, mais experiente que ela, mais dono da situação que ela, pelo simples fato que todo mundo adora ser surpreendido. Mas qual é a surpresa que alguém vai ter quando domina todas as atitudes do início da preliminar até o gemido final?
Por mais que o cara tenha muitas cartas na manga, ELE já as conhece. Temos novas ideias de vez em quando mas, convenhamos, poucos artistas mantém a mesma prolificidade após alguns anos de carreira, então é injusto esperar que um homem sempre vá aparecer com algo inédito.



"Rebolem, por gentileza"

Mulher boa de cama não pode ter medo de ir logo ao que interessa. Mulher que faz rodeio em demasia é um verdadeiro SACO, especialmente quando para tudo na melhor hora e fala "VOCÊ NÃO VAI ACHAR RUIM DE MIM OU ME ACHAR UMA PUTA?" A coisa que eu mais quero é uma mulher que seja uma neste momento e a maioria bota o cérebro (a parte ruim dele) pra funcionar na hora errada. DESLIGUEM O CÉREBRO. E rebolem, por gentileza.
A famosa reboladinha no pau é bem gostosa. Tanto de ver quanto de sentir. Além de mostrar que a mulher é safada, o que é a melhor coisa que existe (safada, não vagabunda, que aí é outra coisa). Tem que arrancar aquele sorriso do cara enquanto ele pensa: "Safada!"

Uma mulher não pode ser fresca na cama. Não quero dizer que ela precisa topar tudo, inclusive as taras mais bizarras, o que ela não topa ela diz que não curto, mas o que ela topar tem que fazer com gosto!
Fico maluco quando uma mulher faz com vontade, quando você vê q ela gosta daquilo, não faz só pra agradar ou retribuir. Não tem resquícios da criação cristã em que parece q sexo é só o papai-mamãe de luz apagada.



"Tem que fazer sorrir"

A safadeza é fundamental! É uma qualidade. Não é pra ser uma atriz pornô, que grita forçado, pede pra gozar na cara. É pra te surpreender com um sussurro, um sinal, um sms safado que te tira a concentração no trabalho, no bar ou na aula. Tem que arrancar aquele sorriso do cara enquanto ele pensa: "Safada!". E tem que ser criativa. O cara tem que ter criatividade e atitude também. Mas adora ser surpreendido por um pedido ou uma idéia diferente. Com uma dessas, ela arranca outra vez o sorrisinho e o pensamento "Safada!". Pra resumir: tem que fazer sorrir.

"É aquela que te quer"

Mulher boa de cama é aquela que te QUER, e mostra isso com o olhar; não um querer qualquer, mas sim um querer FÍSICO, puro desejo.Dançar com estranhos enquanto troca esse olhar comigo, provocação pura e simples...Tem que ousar também, nada de frescurinha aínãotiraessamãodaí e, claro, deixar aquele gostinho de queromais...Todo mundo já teve aquela transa de pensar "Porra, meu, agora vira uma pizza que eu to com fome e to de saco cheio de você", mas essa vontade de querer de novo faz uma grande diferença.



"Intimidade e sentimento costumam ser quase que infalíveis"

Não existe mulher boa de cama. Afinal a cama é apenas a soma de todo um processo sutil que começa bem antes. Suprimindo esse antes, a cama geralmente é um desastre. É como cair de pára-quedas ao lado de alguém totalmente estranho, tanto ao corpo, como na conversa. Sem o mínimo de sedução, nada acontece, ou acontece numa mecânica artificial sem graça. Acontece do santo bater, e numa primeira noite a cama rolar legal. Mas esse primeiro contato é sempre um jogo de expectativa e insinuações, de um certo diálogo que é construído muitas vezes silenciosamente, sem muita hostilidade, então, quando chega-se a cama, a entrega e a sintonia correspondem, não tem como dar errado. Mulher que se sente a vontade com o próprio corpo, que sabe bem o que quer, e que sabe surpreender. De toda forma, intimidade e sentimento costumam ser quase que infalíveis.


"Faça junto"

Dê ideias, experimente, colabore, beije, chupe, lamba, morda, cavalgue, abra as pernas, arranhe, puxe o cabelo, dê uns tapas, gema, fale, grite, xingue, elogie, goze, enfim, faça.
Faça junto.

Dispostas à liberdade, meninas?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Outras mulheres

O amor é uma grande invenção. As mocinhas de saia rodada acreditam de joelhos nas luzes que invadem o grande palco da encenação, as senhoras já casadas esboçam um sorriso saudosista dos tempos em que sonhavam com a grande invenção ao que após trinta anos chamam de companheirismo.
Uma pitada de charme, três colheres rasas de provocações, quatro colheres bem cheias de bom humor e inteligência a gosto. As mulheres exatas ponderam as fórmulas da invenção, é melhor não ligar no dia seguinte, calcinha vermelha no sábado, como se a solidão fizesse sentido na segunda-feira.
Outras, porém, desnudam-se peça a peça diante da grande invenção. Os olhos desvendam o mistério do primeiro ato sem cautelas. As mocinhas de joelhos não se atrevem encarar a invenção, as senhoras já com as vistas cansadas não reconhecem do amor nem a silhueta.
Seguem com um sorriso e brincam até o final do primeiro ato, essas outras mulheres. Saltam de lá para cá, logo tiram os sapatos, sentam à mesa e tiram a invenção para rodar. Essas outras mulheres fingem saber brincar só pelo prazer de inventar.



quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os meus homens

Eu não sei ser amiga de ex-namorado. Estabeleço com eles uma relação que vai além da amizade, de qualquer tipo de relacionamento que se pode manter ao longo dos anos, e simplesmente não consigo depois de tudo ser amiga de alguém que compartilhou comigo sonhos, segredos, dividiu comida, pensou em nome de filho, passou uma tarde na cama, cuidou de mim enquanto estava doente, passou noites em claro comigo, me viu pelada, me comeu. Claro que consigo estabelecer amizades com pessoas que já me viram em situações dessas, mas não, jamais, nunca com alguém que me viu em todas essas situações diversas vezes, e sempre com amor e lascívia, sempre com um pouco de dor às vezes. Os homens que escolho para ser meus namorados não poderiam ser pra mim outra coisa senão isso - por mais que no início eles não saibam, mas pra mim eles são sempre homens que um dia vão ser meu namorado (mesmo que nunca de verdade cheguem a ser). Eu não namoraria um homem que é meu amigo, embora possa fazer sexo, embora possa ter um caso, mas é meu amigo. Meus namorados foram também meus amigos, mas foram mais que isso,e não que para mim namoro seja um tipo de relação mais importante que amizade. Não. Mas é uma relação que me suga, que me faz gastar energias, lágrimas e todos os sorrisos e fazer planos, sonhar, e eu não posso depois disso tudo aceitar uma mesa de bar, uma festa, um cumprimento qualquer, com aquele que foi o homem da minha vida. Depois de tudo, costumo dividir os meus ex-namorados em dois grupos: os que me fazem sentir ódio, apenas ódio; e os que serão para sempre os homens da minha vida. Por mais que não exista mais tesão, mais carinho, mais respeito, por mais que não sobre mais porra nenhuma, eles vão ser para sempre homens da minha vida. Aquele rosto, aquele corpo e aquela voz vão pra sempre representar o homem que foi um dia o homem da minha vida, que a primeira vez que me falou 'oi qual seu nome' ou 'essa carteira é sua' ou 'você bebe cerveja', eu pensei: é ele. E eu nunca poderei um dia passar ao lado desse homem na rua, dar um beijo no rosto e dizer: 'oi, tudo bem?' e ouvir só amenidades.

Talvez vocês me digam que eu não sei amar, que eu idealizo demais, que preciso de psicanálise. Talvez.

Do blog da @ohmaria, algo mais sobre isso.


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E esse post partiu de uma conversa com o @veridicool, depois de ler esse texto aqui.